Resumo - A centralidade do trabalho nos clássicos da sociologia

domingo, 20 de novembro de 2011

A atividade de reflexão sociológica dos autores clássicos da sociologia, sobretudo, Marx, Durkheim e Weber se debruçaram no âmbito do “trabalho” como categoria fundamental para edificação da organização social, seja de maneira direta ou indireta.

Nessa perspectiva de centralidade do trabalho como categoria chave da sociologia, Marx e Engels afirma que “o trabalho, por si mesmo, criou o homem” (ENGEL, Friedrich. 1979 p. 215) sua análise se constitui de forma a determinar as relações de infra-estrutura na sociedade (forças produtivas e relações sociais de produção) que por via do trabalho produz a superestrutura (as instituições, as ideologias, as religiões e etc.), ou seja, as estruturas sociais que condicionam o indivíduo.

Durkheim atribui à divisão social do trabalho o elemento central da integração geral da sociedade. No direcionamento que na sociedade contemporânea a solidariedade orgânica contribui para a manutenção da coesão social e mantém o espaço da consciência coletiva, ainda que de uma maneira menos ativa do que nas sociedades primitivas.

O sociólogo Max Weber teoriza que o papel da sociologia é compreender o sentido ação social. A relação das ações na esfera do trabalho com as diferentes esferas sociais, composta em sua obra, pode ser compreendida na “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Weber entende que o espírito do trabalho no sentido do progresso tem uma forte relação com a ética protestante. “As formas mais intensas de uma religiosidade que penetra em todos os setores e domina todas as suas vidas” (WEBER, 1985, p. 25). O protestantismo se torna elemento fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, onde modifica a relação do indivíduo com o trabalho.

O autor Claus Offe examina três pontos centrais nos contextos históricos e sociológicos que levaram esses autores clássicos a tratar o trabalho como categoria chave da teoria sociológica. O primeiro ponto que influência as teorias sociais clássicas é designado pela expansão do trabalho e a separação desse trabalho das demais atividades, essencialmente pela separação da esfera da produção da esfera doméstica; o segundo ponto central se constitui pela ênfase na compreensão da revolução burguesa, da reforma religiosa e o desenvolvimento da Economia Política. Esses elementos propiciaram uma inversão de valores atribuída ao trabalho, desconstruindo a antiga hierarquia de “nobre” e “vulgar” relacionado à atividade do trabalho; O terceiro e último ponto central da teoria social clássica remete ao desenvolvimento da racionalidade econômica, exemplificada por Weber através da contabilidade racional. Esta racionalidade que organiza e regulamenta o trabalho, os salários, cria a burocracia e se torna força estratégica de desenvolvimento do capitalismo.

Com o passar do tempo essa centralidade do trabalho vai perdendo espaço na sociologia. A autora Bila Sorj afirma que novas categorias de análise como as “identidades, estilos de vida e movimentos sociais” adquirem importância e ratificam que a categoria “trabalho” por si só perdeu força no que tange a explicar “as posições sociais, interesses, conflitos e padrões de mudança social”